Esta resenha foi feita pela Adriana Ornellas, do blog "A menina do fim da rua", especialmente para "O mundo de tinta". Muito obrigada, Dri!
A coisa mais normal para um bookaholic é não resistir a tentação de comprar mais e mais livros. Isso vem do desejo de possuir tantos livros quanto puder e saber que ele estará bem ali na estante na hora e momento que quisermos ler. Mas e se você descobrisse que esse desejo não é realmente seu, que você foi condicionado a ter esse desejo?
Em Mentes roubadas, o autor Roberto Campos Pellanda mexe com essa teoria da conspiração que está cada vez mais presente em nossa sociedade mas que não é uma idéia tão antiga e desconhecida da literatura assim. Em 1932, foi publicado o livro Admirável mundo novo, de Aldus Huxley, que narrava a história de uma sociedade onde as pessoas eram programadas biologicamente para viverem em plena harmonia e obedecerem ao sistema de casta imposto. Para garantir a plena aceitação, todos eram medicados com a droga Soma ao longo de sua vida.
O argumento de Mentes roubadas é diferente do proposto em Admirável mundo novo e traz um enredo mais atual e possível dentro da nossa realidade, entretanto, sua história demonstra o quanto estamos vulneráveis a poderes desconhecidos para nós, assim como os personagens da sociedade de Huxley.
Por trás de toda história que envolve grandes feitos, encontra-se um homem de grandes poderes, em Mentes roubadas, Siegfried Maximiliano cumpre esse papel. Dono de um conglomerado de empresas, o Sr. Siegfried tem um filho com doença mental que some do hospital psiquiátrico em que mora. O rapaz simplesmente some sem deixar vestígios. Há câmeras de vigilância, mas ninguém foi filmado entrando ou saindo do hospital ou do quarto do rapaz e não há nenhuma pista de que o quarto tenha sido arrombado. Tudo está do mesmo jeito, só o rapaz não está em seu quarto.
Para investigar esse desaparecimento, é chamado o detetive Paulo. Ele é o avesso dos estereótipos dos detetives: muito bem casado e sem filhos problemáticos. Seu parceiro é Miguel, jovem e musculoso, contrapõe e completa Paulo. Enquanto um é guiado pela intuição, o outro traz a racionalidade; um é exímio em decifrar pessoas, o outro é um ótimo conhecedor da tecnologia. Acredito que a fuga dos estereótipos foi proposital por parte do autor, além de se mostrar mais original, pode se concentrar na história e não ter histórias dramáticas paralelas da vida do detetive.
Com essa trama, Roberto nos apresenta vários fatos e personagens, todos urdidos numa teia de acontecimentos que definiram um plano grandioso de controle de algumas de nossas vontades, como a decisão de comprar ou não determinado produto.
Uma curiosidade (pessoal) sobre a história é que bem no comecinho do livro, o filho super inteligente do detetive Paulo cita os números de Fibonnaci e eles são recorrentes em livros, filmes ou episódios de seriados em que se fala de padrão de comportamento. Eu não entendo absolutamente nada de matemática, zero daquela matemática que aprendemos no colégio e zero de linguagem matemática, que acho ser o mais apropriado quando se fala de números de Fibonnaci. Já ouvi a explicação tantas vezes, que já sei o que é (é uma sequencia numérica onde cada número é a soma dos dois anteriores , por exemplo, 1 , 1, 2, 3, 5, pois 1+1 = 2, 2 + 1 = 3 e por assim vai...) mas não entendo o significado e o que eu não entendo é o que isso tem demais (desculpem os matemáticos que lerem isso!). O que isso influência no comportamento de uma pessoa? Ou melhor: como isso ajuda a determinar (e prever) o padrão do comportamento de uma pessoa? Por alto, pelo o que me lembro, além de ser citado em Mentes roubadas, os números de Fibonnaci já teve importância em filmes (A sala de Fermat, Enigmas de um crime), episódios de séries (como em Criminal minds) e livros (Em busca de Klingsor).
Enfim, não precisa conhecer linguagens matemáticas para entender e gostar dessa história. Tudo é muito bem explicado e, apesar da história ser bem rocambolescas, todos os personagens e fatos se juntam num final bem amarrado.
Quem é fã do gênero policial vai gostar do livro por ter um tema original de uma forma pouco caricata. E quem não curte muito o gênero também vai gostar: o livro tem um ritmo dinâmico e bastantes reviravoltas.
O autor Roberto Campos Pellanda tem 34 anos, é médico radiologista e mora em Porto Alegre.
Por Adriana Ornellas.
Literatura Nacional
Editora: Porto de Ideias
Publicado em: 2009 / 1ª Edição
Formato: Brochura
Número de páginas: 208
Categoria: Ficção
Idioma: Português
Nota: 3,5/5
Literatura Nacional
Editora: Porto de Ideias
Publicado em: 2009 / 1ª Edição
Formato: Brochura
Número de páginas: 208
Categoria: Ficção
Idioma: Português
Nota: 3,5/5
Olá Daniela. Ótimo texto, me deixou curioso para ler o livro. Em relação ao que somos condicionados a fazer, bem, se analizarmos nossas vidas veremos que desde nossas crenças até o que comemos, de certo modo, fomos condicionados a fazer. Muitas vezes até quando imaginamos estar seguindo nossa própria conciência eis que...
ResponderExcluirOlá Daniela, a resenha da Dri ficou muito boa e me deixou muito curiosa com esses mistérios essa coisa matemática e difícil que sempre desperta minha curiosidade.
ResponderExcluirConcerteza está cotada para minha leitura futuras.
Bjs.
Oi Dani,
ResponderExcluirEu estou com este livro para ler a um tempão e ainda não tive tempo. Mas o problema é que li uns comentários bem negativos sobre ele e ai desanimei.
Agora vejo esta resenha tão positiva aiai, to na dúvida rsrs
bjoo